28 de out. de 2009

Pow!



Bom. Acho que ainda posso confiar em vocês e na discrição deste singelo e secreto (?) blog. Assim, dadas as inúmeras versões que dei para o soco que levei no olho, acho legal poder recapitular, para mim mesmo, o que aconteceu e, de quebra, proporcionar às pessoas nas quais deposito alguma confiança a versão oficial dos fatos.


...

A noite iniciou deveras agradável. Havia saído com uma garota especialíssima, recém-separada, diga-se, mas com um papo legal, descontraído, inteligente, denotando gosto pelo diverso e tals. Nos demos muito bem, enfim. Mas ela tinha um outro compromisso e foi cedo embora.

Dali fui para um bar onde, sabia, encontraria alguns amigos. Encontrei-os todos lá. Alegres, haviam dominado a cozinha do bar e estavam fritando peixes e enfeitando-os com as mais diversas saladas, que nos vinham a toda hora na mesa. Não demorou muito e eu já estava para lá de Bangladesh, cantando Noel Rosa pras velhas amiguenhas.

De repente, uma loirinha surge dos céus e acende um cigarro na porta do bar ao lado. Foi amor a primeira vista. Parei de cantar e fiquei olhando-a com cara de idiota, esperando um “venha até aqui” que não veio. Alguns minutos mais tarde, um carinha que estava na turma dela veio ao meu bar comprar cigarros. Não hesitei: “Cara, me põe em contato com aquela mina”. Ao que ele respondeu, se empinando todo: “É minha namorada”. Eu, como não podia deixar de ser, falei: “OK, mas não se cria não! Tá inflando o peito por que? Se afasta, vira as costas e sai andando”. Ele foi, não sem antes me chamar de... “folgado”.

Noel Rosa vai, Cartola vem, conhaque desce, cerveja também... Dois ou três bares depois, uma ou duas carreiras de pó adiante e eis que vejo o cara novamente. Sem pestanejar: “E aí. Ó o folgado aqui de novo”. Ele não respondeu, virou as costas e foi embora. Mas voltou. Voltou com outro. Eu, como bom imbecil, ri dos dois: “Boa noite. O que faremos?”

Pow!

Quando dei por mim, estava no banheiro sendo lavado pelos colegas.

É a segunda vez que levo pontos. E a décima ou décima primeira que me acertam no olho. Vulnerabilidade de quem usa óculos. Pretendo operar a visão e me livrar das cortantes armações.

8 de out. de 2009

CAPITALISMO E PODER



O trabalhador, funcionário, subordinado, operário, e todos aqueles que não estão “no poder” almejam chegar lá um dia. O que permeia a idéia desses coitados é a ingênua sensação de que estar no poder é mandar sem ser mandado, ou ainda,o mais perigoso, aliam poder a liberdade. Mas que liberdade pode ter alguém que para estar no poder ou com o poder foi o mais submisso dos sujeitos?


Até onde a ideologia forja a realidade com tamanha sutileza a ponto de um cidadão, que acredita ser instruído, não perceber que depois de anos de submissão ele só poderia estar impregnado de tudo aquilo que não é mais ele mesmo, e sim, aquilo que ele teve que tornar-se para chegar ao poder.

Quanto mais cargos de suposto poder a ideologia puder criar, mais otários correrão atrás deste poderzinho, se engalfinhando ano a ano por um aumento de cem reais no salário, até chegar lá. Qual seria a função da criação dos cargos, do poder e da hierarquia, dentro de uma instituição, senão fazer com que o funcionário funcione?