31 de mar. de 2009

Campeonato Não-Pseudo-Cagalhone Libertino Medianamente

Sinuca é coisa do passado...



Hahhaa...

Bezerra da Silva - Classic 'Hits

Como Irritar um Ateu - 100 Dicas (quase sempre)Infalíveis


Autor: Silent Dave
Links: Dave’s Corner

“O celibato clerical é uma idéia especialmente boa porque tende a suprimir qualquer propensão ao fanatismo hereditário.”
- Carl Sagan

Veja aqui alguns procedimentos metódicos para irritar seus ateus favoritos.
Apenas tome cuidado ao usá-los, ou você vai começar a se perguntar porque eles estão te esganando.

001. Pergunte-os porque eles estão chateados com Deus.
002. Diga-os que se não há deus, eles poderiam também começar a matar pessoas.
003. Convide-os para rezar com você.
004. Convide seus filhos para irem à Igreja com você.
005. Insista que existe um Deus, e mostre que a Bíblia assim o diz.
006. Esconda quadrinhos ou panfletos religiosos nos seus pertences.
007. Diga-os que o universo é complexo demais para apenas existir e que precisa ser criado por um deus que apenas existe.
008. Invente estatísticas.
009. Termine a discussão com "Bem, eu sei que vocês são mais inteligentes do que eu, mas eu sei que eu estou certo. Jesus não falha".
010. Acuse-os de estarem te perseguindo.
011. Levante argumentos que não faça sentido algum, e depois critique suas respostas com "O que você fala não faz sentido".
012. Use múltiplas versões da Aposta de Pascal como se você mesmo as tivesse criado.
013. Use a 2ª Lei da Termodinâmica deturpadamente para refutar a Evolução.
014. Acompanhe discussões com olhar superior, redentor da "Verdade Revelada" somente para si e para os religiosos da sua religião.
015. Diga que o laicismo não está na Constituição, e insista que ela é baseada nos 10 mandamentos.
016. Cite a Teologia ou Adauto Lourenço como fonte legítima de informação.
017. ...e o chame de Dr. Adauto.
018. Diga que eles sabem que Deus existe em seus corações.
019. "Eu não vim do macaco". Como se os ateus acreditassem nisso.
019. Diga que tudo em que as pessoas acreditam é baseado em algum tipo de fé.
020. Antes de começar um argumento, diga "Você é um ateu? Isso significa que você não será salvo se nao se converter ou vai para o Inferno!(ou insira aqui algum outro lugar bem ruim)".
021. No final de uma discussão sem convergências, diga "Tenho pena de você".
022. "Até o mais convicto ateu, reconhece que tudo que habita ou habitou nosso planeta mostra evidência de ter sido criado ou projetado".
023. Use matemática dadaísta para fundamentar suas alegações.
024. Diga que viu Jesus e ignore completamente o que seus opositores digam.
025. Chame-os de grosseiros.
026. Insista sempre na "limitação da Ciência". Os matemáticos e cientistas em geral não tem criatividade ou capacidade para abstrair pensamentos, idéias, imagens ou conceitos.
027. Quando eles citarem um versículo bíblico que pareça ruim, diga que é o que o verso diz mas não é o que ele quis dizer.
028. Argumente que as histórias bíblicas não são mitos… são parábolas. E que são todas verdade.
029. Invente alguns paradoxos sem sentido (tais como “a única verdadeira luz encontra-se nas trevas” ou “cada passo em frente é um passo atrás”).
030. Diga que o dilúvio mundial ocorreu mesmo avisando que você é leigo em geologia.
031. Diga que Deus é verdadeiramente onisciente, onipresente, onipotente e critique o panteísmo.
032. Dê a entender de maneira obscura que a Via para a Iluminação, apesar de Longa e Árdua, será no Fim Cumprida; e sugira que um bom método para o conseguir é entrar numa Relação Física de Comunhão consigo mesmo.
033. O convide os seus amigos ateus subversivos preferidos pros seus eventos de "Rock da Juventude Cristã".
034. Cite a Lógica de Tomás de Aquino ou Anselmo de Cantuária como consideráveis ou verdadeiras na atualidade.
035. Sempre que possível argumente com "provas" ontológicas e outros argumentos dados "a priori".
036. …e olhe-o torto quando disser que todas as pessoas acusadas de um crime deveriam ir para a cadeia.
037. Acuse tudo o que há de ruim na nossa sociedade como sendo culpa da evolução.
038. Repita alguma coisa várias e várias vezes, como se isso a fizesse verdade.
039. Repita alguma coisa várias e várias vezes, como se isso a fizesse verdade.
040. Repita alguma coisa várias e várias vezes, como se isso a fizesse verdade.
041. Repita alguma coisa várias e várias vezes, como se isso a fizesse verdade.
042. Repita alguma coisa várias e várias vezes, como se isso a fizesse verdade.
043. Diga que ele reconhece Cristo todas as vezes que usar "a.C." — que, claro, significa "Antes de Cristo".
044. Acuse-o de ser agnóstico, pois ele não tem 100% de certeza positiva que deus não existe.
045. Insista que a Bíblia deve ser seguida toda literalmente — com excessão do versículo que ele te mostrou.
046. Diga que Deus escreve certo por linhas tortas.
047. …e que nós somos pequenos demais para compreender seus motivos.
048. Critique Darwin, arduarmente, sem nunca ao menos ter tocado no "A Origem das Espécies".
049. "A fé cristã é uma fé logicamente defensível. A Bíblia deixa bem claro que qualquer pessoa que não acredita em Deus não tem desculpa".
050. Diga que você sabe que deus existe porque o Monte Everest existe.
051. Diga que se um avião cai matando 300 pessoas e toda a tripulação, com a excessão de uma garotinha que sobrevive em estado grave com queimaduras de terceiro grau, este milagre prova que Deus existe.
052. Insista que a Arca de Noé e o Sudário de Turin são reais.
053. …e conte-os sobre o especial que viu na Canção Nova.
054. Quando um ateu lhe mostrar um versículo bíblico sobre genocídio, pergunte-o como ele tem a coragem de questionar a moralidade de deus.
055. Dê-lhe um soco. Forte. Diga que Deus quis.
056. Quando pedido para provar algo que você afirmou, diga que você já provou.
057. Diga que o ateu também precisa ter fé.
058. Bata na porta da casa dele às 7h e ofereça-lhe um panfleto.
059. Quando lhe mostrarem que a Bíblia diz que p=3, diga que os Hebreus não conheciam nada sobre ciência e que não é culpa deles.
060. Quando lhe mostrarem a criação bíblica no Gênesis, insista que os Hebreus tinham todo tipo de conhecimentos científicos, por serem inspirados por Deus.
061. Insista que um cristão com comportamento condenável não é um cristão de verdade.
062. Fale usando português arcaico.
063. Ameace matar ou se matar caso ele continue duvidando de você.
064. Insira “Aleluia Senhor” ou “Salve Maria” no começo ou final de todos os seus comentários.
065. Explique que, embora a Bíblia seja inerrante, algumas partes não estão no sentido literal.
066. Alegue que Einstein foi cristão.
067. Alegue que Hitler era um ateu.
068. Quando algo ruim acontecer, diga que deus não interfere nos acontecimentos terrenos.
069. Quando algo maravilhoso acontecer, diga que foi deus quem fez acontecer.
070. Diga que ele não entenderá até acreditar, e que não acreditará até entender.
071. Cante músicas “gospel”.
072. Diga que o coração dele tem um vazio do tamanho de Jesus.
073. "Um dia você vai ver que eu estava certo. Você está sendo muito materialista".
074. Diga que todos precisam acreditar em alguma coisa.
075. Diga que ele não pode pensar assim. "No fundo você sabe que eu estou certo".
076. Ele diz uma asneira e logo depois a seguinte frase: “A ciência já provou isso”.
077. Não importa se faz sentido ou não, você precisa entender que ele te ama”.
078. Que me importam seus argumentos, que me importa sua lógica, com Jesus eu sou feliz”.
079. Aceitei Jesus e não tô nem aí.
080. Você nunca será feliz se não abrir seu coração para Deus.
081. Use com um ar misterioso provérbios sem qualquer significado (tais como “em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão” ou “quanto maior é a altura, maior é a queda”).
082. Pergunte-o como ele sabe que Deus não existe se ele não pode ver o ar.
083. Critique o Big Bang mesmo avisando que você é leigo em física.
084. Use a pós-moderna teoria da relatividade relativa as relações como álibi indubitável contra o esclarescimento moderno de verdade provisória.
085. Supere seus conhecimentos de ciência usando exemplos como "E por causa da entropia, você tem que apertar a cabeça da lata de spray. Essa cabeça é entropia".
086. Use bastante latim.
087. Diga que a tradução Almeida Fiel e Corrigida é a verdadeira Bíblia, e ignore questões de quem foi “salvo” antes de sua publicação.
088. Diga-o que o Moisés escreveu o livro de Moisés.
089. Explique que a falta de provas não significam que aquilo não ocorreu.
090. Chame a Teologia de Teologia. Use também refências científico-acadêmicas em relação à ela.
091. Acuse os cientistas, pesquisadores, médicos, engenheiros de serem todos "fundamentalistas cegos tecnocratas".
092. Professe uma crença em pelo menos um absurdo metafísico palpável, tal como na afirmação que Tudo é o Uno Único ou que a Realidade Comum é meramente uma Ilusão Básica em Comparação com a Vera Luz da Divindade.
093. Não basta apenas ter fé. Diga ao ateu o que ele precisa fazer antes que seja "tarde demais".
094. Diga que por eles falarem tanto em deus, isso prova sua existência.
095.…e que nós não devemos pensar em "como ele deve ser".
096. Acuse-os de vigorosamente negarem a verdade tão óbvia.
097. Diga que não se importa com o que digam ou provem, que você ainda tem seu consolo na pura fé.
098. ...E Jesus te ama.
099. Peça pro ateu pensar na coisa mais bela possível de ser imaginada. Diga que isso faz ele relembrar-se de Deus antes de ter "caído".
100. "Sem fé é impossível compreender. Sem fé é impossível agradar Deus".

Boa alternativa à cagação generalizada...

28 de mar. de 2009

Mente à deriva numa madrugada qualquer.

04h14 da matina, bideprimido, trêbado, tetrapêgado, pentapaixonado... e tomado pelo espírito do romantismo alemão...


Nada pra fazer, exceto ficar acordado esperando as 6h00 para ir tomar uma ducha, um copo de leite gelado, comprar uns chiclés e ir vegetar na facul diante do castrado assanhadinho.

Bem. Não sei o que escrever. Mas sei que quero falar. Não sei o que.

A cerveja está quente. Acho que vou pôr gelo. Ponho pó ou não na breja? Vocês têm certeza que mata?

Vocês estão percebendo a superficialidade e confusão no meu raciocínio? Estou pensando como um mentecapto desneuroniado.

Será a cerveja quente que tá fodendo com a minha razão?

Bem... Bom... Vejamos... O que falar?

Às vezes tenho espasmos violentos, vocês sabiam?

Gosto de brigar na rua, vocês sabiam?

Eu sou um cara mau quando minha linda esposa e meu maravilhoso filhinho estão longe (considero-os âncoras anti-manicomiais ou imãs de benevolência - eles atraem meu lado cristão, aquele cultivado em mim pelos meus pais e avós, e que eu não faço nenhum esforço para extirpar de mim, pois essa mentalidade cristã possibilita meu acesso ao mundo, à grana, às bocetas e às sumamente necessárias companhias - sem os adaptados eu não imagino-me são, na boa - preciso da legitimação do outro).

Tô dando neste exato momento mais um teko (p/ Hermana), ou mais um tiro (para Medéia e Sancho).

Daqui para baixo é extremamente mal que escrevo:

Opa! Ainda careta! O Hacker acabou de entrar no MSN (é um ídolo - 04h36).

Ficou cagando no maiô num barzino. Vai tomar multa no lado B.

Contra minha própria vontade, estou preparando um fininho pra guardar uma rappa para agüentar a aula do Manú heheheh. O foda é que teremos um exercício hoje. Terei que socializar-me linguisticamente... Vai ser osso....

Mas falta eu não tomo mais... Não posso.

Não acreditem: fiz a trilha, esqueci e cheirei involuntariamente pelo cotovelo. Tá osso...

20 minutos depois, lembrei que estava escrevendo (estou desorientado). Estou assistindo ao filme “Meu nome não é Johnny”, pois tem bastante gente cheirando pó e, vendo isso, fico menos culposo (a culpa é um artefato explosivo criado pela cristandade para frear os impulsos expansivistas, libertários e libertinos... Mas comigo a culpa só se relaciona depois que eu cago; antes, trato-a como a mulher trata a dor do parto: embora fodida, sempre a esquece...).

Me bateu uma vontade de traçar o perfil psicológico de vocês, ou, pelo menos, tentar... Ainda tenho uma hora...

Vamos lá:

Sancho: Carente de proteção e amor. Criança sobre a qual a vida jogou responsabilidades demais. Criança que tenta, ao máximo, ao máximo mesmo, para não desapontar ninguém e não perder a proteção e amor (já mencionados), dar conta da responsa desumana que a vida e as circunstâncias lhe impõem. Dá aos outros o que quer para si - e espera receber de volta pelo fato de ter dado - frustrando-se enormemente quando não ganha o que deu e o que quer. Busca, incessantemente, um sentido para a vida: vai ao fundo de tudo o que faz - tudo o que faz se afigura como saída da falta de sentido (poderia escrever mais, mas deixa prum papo (danado de bom, diga-se) ao vivo.

Medéia: Extremamente desatenta para o mundo externo, pois tem que direcionar sua atenção para a represa que criou (e tinha que ter criado mesmo) para segurar o tsunami de pulsão de vida (e morte) que existe dentro de si. Tem coisas demais pra falar ao mundo, mas não domina a linguagem apropriada (nessa medida tem medo do Nietzsche, pois tem medo de ir e não saber voltar pra linguagem usual). Artista nata. Visceral pro mal e pro bem. De temperamento inconstante e imprevisível. Força simpatia quando seu interior está se revolvendo de vontade de explodir, de se expandir e preencher o espaço circundante (esteja nele quem estiver); Busca, mas em menor medida, um sentido para a vida, pois parece já ter achado, mas não consegue adaptá-lo ao mundo que aí está.

Hermana: Logo de cara: (primeiro as idiossincrasias) Espartana, nietzschiana, quase materialista, quase anti-romântica e quase irracionalista (prega uma selvageria difícil de vislumbrar nas atitudes - exceto quando transcende..., ocasião em que a labareda de Satanás lambe seu dual e confundidor semblante). Possuidora de uma racionalidade (subutilizada na filosofia) e de uma memória amedrontadoras (captadoras de contradição e fraqueza argumentativa - já me vi vítima do risinho...). Sabe como ninguém modular a voz de forma a convencer o mais cabeça dura dos quadrúpedes a fazer o que ela quer... Tem claro o alvo ao qual quer chegar e é um tanto quanto maquiavélica no caminho (os fins justificam os meios). É egoísta, embora não seja egocêntrica. É competitiva, mas quer ganhar para si, não se importa se terceiros perceberam que perderam (o forte é mais forte sozinho). Fica muito mal quando se vê injustiçada, quer expor e fazer jus aos seus direitos, custe o que custar. Se vê acima da plebe (olha o Nietzsche!!!) – embora admire-a.

[Acabei de dar a última narigada – ainda tenho quinze minutos – acho que vou pegar mais um pra ficar feliz e um pouco mais acordado na aula do viúvo castrado e danadinho – falei aí pra cima o quanto eu sou mau – leiam um conto (pequenino) do Dostoievski, chamado “Memórias do Subsolo” ou, em outras traduções, “Notas do Subterrâneo”. Trata-se de uma narrativa de um camelo (parece até que Nietzsche roubou o desenho psicológico desse cara – como rouba o eterno retorno do livro “Os Irmãos Karamazov – e como rouba Stirner na apologia anti-rebanhesca – e como rouba – e bate – em Hegel no que diz respeito a visão, digamos, progressiva e direcionada da História) depois de um parênteses grande, sempre esqueço para onde queria ir - relevem: peguinho, bêbado e com o ID em polvorosa].

Bom, Hermana: é um prazer ficar pensando em ti para lembrar de suas características, mas tu és a pessoa mais moita (discreta – voltada pra si) que eu conheço – já te falei que é meu instinto filosófico quem gosta de ti... depois que eu te desvendar, volto a ser apenas seu fã e entusiasta filosófico (ainda te verei dando palestra nos meios institucionais, oficiais e padronizados – onde a coisa deve se dar, onde o povo vê – falando sobre o anarquismo individualista de Stirner (sua cara), e sobre a, digamos, pegada Punk, sobre o desvio capilar, micro-revolucionário, etc. Já falei demais de ti.

Hacker: Esfinge. De sabedoria pepitácia... de ouro, só a expõe em ocasiões especiais, para as pessoas que quer, não se dissipa em qualquer ocasião. Ávido pelo conhecimento – mas não preocupado em demonstrar que sabe – parece querer acumular pólvora conhecitiva para explodir na hora exata. Sátiro dionisíaco – só influencia devotos quando corretamente invocado heheheh. Pensador involuntariamente obstinado. Portador de ímpar coragem e honestidade intelectual (é, minha gente! o filósofo deve ser corajoso e honesto, não deve fazer recuar diante de uma conclusão triste que se descortina no horizonte, nem deve abandonar a sua própria metodologia epistemológica quando se depara com uma dificuldade teórica, para, desonestamente, fazer como Santo (?) Anselmo faz com sua lógica diarréica. O Hacker é também, por detrás da capa racional, calculadora, lógica, russeliana (heheheh) e auto-represadora, um amante arrebatado dos eflúvios, das irradiações e da atmosfera onto-epistemológica da cercania dionisíaca. Mas, como em outras instâncias e circunstâncias, não faz questão nenhuma de ter companhia nesse arrebatamento dionisíaco através do álcool e (morro de inveja, gostaria de ter essa sensibilidade e talento) da música.

Hermano(eu): Não posso me demorar por conta do tempo e por conta da incapacidade (não falta de coragem e honestidade) de me auto-verificar. Não me calo acerca de mim, mas tendo a recuar na auto-análise – e isso psicologicamente, é mais forte que eu. Me idealizo e, quando não correspondo ao que idealizei, tenho meu raciocínio bloqueado pelo Super-Ego de Aço que possuo. Bom. Mas vou falar um pouquito de mim (“falar muito de si é uma excelente forma de se esconder – Nietzsche – heheheh – não quero me esconder, meu povo, pelo menos agora – que estou drogado até a medula...):

Vamos lá: Acho que estou mais assemelhado à Medéia e ao Sancho do que à Hermana e ao Hacker. Por quê? Pelo instinto de me abrir, de falar, pela natureza mais extrovertida e inconseqüente – embora eu, isso particularmente, me veja como alguém que passa a imagem de que será franco e sincero até as últimas conseqüências; e isso já de antemão prepara as pessoas para lidarem com essa verborragia anárquica (Lembra, Sancho, do sofrimento pós-pó? Chegou a levar você a dizer que eu amava o sofrimento, quando na verdade eu estava me esforçando para vivê-lo e ser capaz de aprisioná-lo na linguagem para conhecer-lhe a natureza...). Tenho uma relação conturbada com meu super-ego e com meu id. Hora passo a imagem do brasileirinho do amanhã (como diz minha mãe), ora (sem mais nem menos, sem aviso) me transformo no inconseqüente anarquista que põe coisas importantes e mesmo preciosas em risco. (Isso vocês já devem ter percebido) Sou volúvel (e o oposto) para caralho. Amo e passo a odiar numa velocidade impressionante. Depois volto a amar... Como (mais ou menos) bom nietzchiano, não tenho vocação para pensar e sentir para trás: odeio-te e esqueço meu ódio muito rápido; amo-te e deixo de te amar muito rápido (em alguns meses talvez heheheh). Mêw. Tenho que ir....... Beijos....

Perdoem os inúmeros erros de digitação (estou bêbado, não esqueçam);

Perdoem a confusão raciocinativa;

Perdoem a invasão (muito provavelmente mal feita) às vossas personalidades;

E obrigado por me honrarem com vossa amizade.

27 de mar. de 2009

Os pseudônimos

Para que não nos confundamos e, concomitantemente, para que não exponhamos nossas reais identidades, seremos, daqui por diante, no blog:

1) Hermano;
2) Hermana;
3) Hacker;
4) Medéia;
5) Sancho.

Quem acertar tudo ganha um doce hehehehe.

Trilha sonora de vagabundo contraditório e de persona caótica. Me vejo aqui....

Supositório de cultura inútil I

LEIS DA ROBÓTICA

Insinuadas em obras anteriores, as três Leis da Robótica, de Isaac Asimov, foram enunciadas pela primeira vez no conto Runaround, de 1942.

PRIMEIRA LEI
Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano seja ferido.

SEGUNDA LEI
Um robô deve obedecer a ordens dadas por seres humanos, exceto quando entrarem em conflito com a Primeira Lei.

TERCEIRA LEI
Um robô deve proteger sua própria existência enquanto não entrar em conflito com a Primeira e Segunda Leis.

LEI ZERO
Um robô não pode fazer mal à humanidade ou, por omissão, permitir que a humanidade sofra algum mal.

Mais tarde Asimov sentiu que suas três leis iniciais eram insuficientes para proteger a sociedade como um todo. Por isso, no seu livro de 1985, Os robôs e o império, ele criou a lei "Zero", à qual as outras estão subordinadas.

Dizem as más linguas que Asimov inspirou suas leis na conceção de ser humano encontrada no primeiro livro de Wittgenstein.

Sade na língua Reed

The Velvet Underground - 1967

Venus in Furs
written by Lou Reed

Shiny, shiny, shiny boots of leather
Whiplash girlchild in the dark
Comes in bells, your servant, don't forsake him
Strike, dear mistress, and cure his heart
Downy sins of streetlight fancies
Chase the costumes she shall wear
Ermine furs adorn the imperious
Severin, Severin awaits you there
I am tired, I am weary
I could sleep for a thousand years
A thousand dreams that would awake me
Different colors made of tears
Kiss the boot of shiny, shiny leather
Shiny leather in the dark
Tongue of thongs, the belt that does await you
Strike, dear mistress, and cure his heart
Severin, Severin, speak so slightly
Severin, down on your bended knee
Taste the whip, in love not given lightly
Taste the whip, now plead for me
I am tired, I am weary
I could sleep for a thousand years
A thousand dreams that would awake me
Different colors made of tears
Shiny, shiny, shiny boots of leather
Whiplash girlchild in the dark
Severin, your servant comes in bells, please don't forsake him
Strike, dear mistress, and cure his heart

25 de mar. de 2009

Ontologia depois de 5 gramas de pó

- O que É?
- É, o que é o Ser.
- E qual é a função do Ser?
- Ser, e sustentar o que não é Ser, mas que é Estar.
- E o que é o Estar?
- É uma espécie de Ser, só que de validade sensível, empírica, passageira e, infelizmente, um tanto quanto ilusória.
- Por que ilusória?
- Pois o Estar nos é dado pelos sentidos e estes, sós, confundem Ser e Estar; Ser e Parecer.
- E quais são as implicações disso?
- Muitas vezes julgamos ser Ser o que é Estar.
- Acho que não estou entendendo.
- Um exemplo: você já se desiludiu com alguém? Já confundiu a natureza ilusória de alguém com a natureza essencial deste mesmo alguém?
- Não sei bem.
- Pense um pouco. Nunca julgou alguém, por exemplo, sábio, maduro, civilizado, compreensivo quando, na verdade, se tratava de alguém burro, idiota, infantil, selvagem, intolerante?
- Acho que sim.
- Bom. Estamos progredindo.
- Mestre, podemos voltar um pouco ao início da conversa?
- Claro! Como queira.
- Obrigado. Se o Ser sustenta o Estar, há uma relação entre eles. Uma conexão entre Ser e Estar, certo?
- Sim, certo.
- Então, penso, poderíamos obter um indício do Ser observando o Estar. A partir do Estar, posso chegar ao Ser, pois eles se inter-relacionam.
- Estás parcialmente certo.
- Como assim?
- Como estamos tratando de uma espécie de Ser em particular, devemos nos ater às características peculiares a esta espécie de Ser.
- E que espécie é esta?
- Ora, a espécie humana. Esqueceste de nosso exemplar inculto, incivilizado, infantil e intolerante?
- Ah! É verdade. E qual é a peculiaridade desta espécie de Ser que inviabiliza a conexão epistemológica entre Estar e Ser?
- A vontade.
- Como assim?
- A vontade de Ser, em quem não Seja, faz com que o Estar pareça Ser e confunda a nossa apreensão.
- E como isso se dá? Pode exemplificar?
- Algumas pessoas que não São, nem nunca Serão, esforçam-se por Ser, mas tudo o que conseguem é Estar. Conseguem Parecer. E esse Parecer confunde aqueles que buscam quem É de verdade.
- Nossa, como isso é sombrio!
- É, meu caro. Estamos falando de essências, de núcleos, de profundidades que subjazem às superfícies. Aqui, o ar é rarefeito. E quando você olha demais para dentro do abismo, o abismo passa a olhar para dentro de você... Já dizia um sábio...
- Deve sofrer demais quem sempre Estará, mas nunca Será de verdade.
- Sim. Da mesma forma que sofre quem É.
- Quem É também sofre?
- Sofre. Pois está fadado a procurar o Ser, seu igual, seu parente. Mas no palheiro do Estar, no palheiro do Parecer ilusório não achará nada que Seja.
- É o fado Humano: buscar o Ser.
- E o fado humano... Parecer Ser...

23 de mar. de 2009

Cartas de Nietzsche - 1887

Carta 1
Nice, 7 de Março de 1887 - Carta a Heinrich Köselitz (Peter Gast)
Caro amigo,
[...]Dostoievsky veio a mim da mesma maneira que antes veio Stendhal: por completo acidente. Um livro casualmente folheado numa loja, um nome que eu nunca tinha ouvido falar antes - e então a súbita consciência que alguém tinha se encontrado com um irmão.
[...]quatro anos na Sibéria, trancafiado, entre insensíveis criminosos. Este período foi decisivo. Ele descobriu o poder da sua intuição psicológica; e mais, seu coração sensibilizou-se e tornou-se profundo neste processo. Seu livro de memórias deste período, La maison des morts [A Casa dos Mortos] é um dos livros mais “humanos” já escritos. [...] Eu primeiro li [...] duas novelas curtas ["A proprietária"] e ["Notas do subterrâneo" ]: o primeiro uma espécie de música estranha, o segundo uma verdadeira pincelada de gênio psicológico - uma assustadora e cruel imitação do délfico “Conhece-te a ti mesmo”, mas lançada com tamanha audácia espontânea e alegria em seus poderes superiores que fiquei profundamente embevecido de contentamento. [...]

Carta 2
Nice, 02 de março de 1887, carta a Theodor Fritsch
Caro senhor,
Com esta carta respondo ao senhor três assuntos tratados na sua correspondência, obrigado pela confiança com que me permite passar a vista pela confusão de princípios que situam-se no coração deste estranho movimento. Todavia eu peço, no futuro, que não me envie mais estas cartas [anti-semitas]: eu receio, afinal, pela minha paciência. Acredite-me: este abominável “querer dizer” de barulho diletante acerca do valor de pessoas e raças, esta sujeição à “autoridades” que são completamente rejeitadas com frio desprezo por qualquer mente sensível ( tal como E. Dühring, R. Wagner, Ebrard, Wahrmund, P. de Lagarde - quem dentre esses é mais qualificado, mais injusto, em questões de história e moralidade) estas falsificações permanentes e absurdas,estas racionalizações de conceitos vagos como “germânico”, “semita”, “ariano”, “cristão”,”alemão” - tudo isso pode acabar por me fazer perder a moderação e me fazer sair da irônica benevolência com a qual até aqui tenho observado as virtuosas veleidades e farisaísmos dos alemães modernos.
- E, por último, o que você acha que eu sinto quando o nome de Zaratustra sai da boca de anti-semitas?…
Humildemente, seu Dr. Fr. Nietzsche

Carta 3
Cannobio, Villa Badia, 14 de Abril de 1887 - Carta a Franz Overbeck

Caro amigo, não há nada mais estagnante e desencorajador para mim do que viajar na Alemanha de hoje para ver de perto várias pessoas sinceras que acreditam que tomam uma “atitude positiva” em relação a mim. Por enquanto, está lhes faltando qualquer compreensão acerca de mim. E se meu cálculo de propabilidade não me falhar, não vai haver nenhuma diferença antes de 1901. Eu acredito que as pessoas simplesmente me tomariam por louco se eu as deixasse saber o que eu mesmo acho de mim. [...] ( Este inverno eu me aprofundei na literatura contemporânea, então posso agora dizer que minha posição filosófica é de longe a mais independente possível, entretanto, muito me sinto como o herdeiro de vários milênios. Europeus contemporâneos não tem a menor noção das decisões assustadoras para as quais minha essência se volta, ou do círculo de problemas com os quais estou envolvido. - Ou comigo está sendo preparada uma catástrofe cujo nome eu sei, ainda que não expresse.
Seu fiel amigo, N.


Carta 4

Venice, 22 de Outubro de 1887 - Carta a Hans von Bülow
Apreciado senhor, Houve um tempo que você decretou a sentença de morte para uma obra musical minha, a mais bem merecida sentença in rebus musicis et musicantibus [em matéria de música e músicos] . E agora, apesar de tudo, eu ouso enviar a ti outra coisa, - um Hino à Vida - , que eu quero sobretudo que permaneça vivo. Será cantada um dia, seja num futuro próximo ou remoto, em minha memória; em memória de um filósofo que não viveu o seu presente, e que não queria realmente vivê-lo. Ele merece isso? Além do mais, pode ser possível que nos últimos dez anos, eu tenha aprendido algo como músico também. Muito agradecido, apreciado senhor, como sempre e inalteravelmente,
Dr. Fr. Nietzsche

Carta 5
Nice, 02 de Dezembro de 1887 - Carta a Georg Brandes
Estimado senhor,
[...] Na minha escala de experiências e eventos os mais raros, distantes e puros predominam sobre os medianos. Eu também tenho, (para falar como músico, que de fato sou) um ouvido apurado para os quarto tons. Finalmente - e não tenha dúvida que é isto acima de tudo que torna meus livros tão obscuros - eu tenho desconfiança da dialética, e mesmo das razões. Que um homem esteja ou não pronto a chamar algo de verdadeiro parece para mim depender do nível de sua coragem. (Somente raramente eu tenho coragem de afirmar o que sei atualmente)
Sua expressão “radicalismo aristocrático” é muito apropriada. É, se me permite dizer, de longe a coisa mais perspicaz que já disseram sobre mim.[...]
Você é músico? Neste momento mesmo um trabalho meu para chorus e orquestra está em cartaz. De todas as minhas composições musicais, esta é a que pretendo que sobreviva e seja cantada um dia em “minha memória”, considerando, é claro, que é o resto de mim sobreviva. Você está vendo que esses pensamentos póstumos ocupam minha mente. Mas um filósofo como eu é como uma tumba, selado parante a vida. Bene vixit qui bene latuit ["Bem viveu quem bem se escondeu" - Horácio] - isto era o que estava escrito na lápide de Descartes. Um epitáfio, se é que houve um!
[...] Eu desisti de meu cargo de professor. Estou quase cego.

Carta 6
Nice, 14 de dezembro de 1887 - carta a Carl Fuchs
Caro e ilustre amigo,
Durante os últimos anos a veêmencia das minhas vibrações internas foi assustadora. Agora que eu tenho de mudar para uma nova e elevada forma de expressão, preciso antes de tudo de um novo senso de alienação, uma despersonalização ainda maior.
Na Alemanha reclamam muito da minha “excentridade”. Mas, como não se sabe onde repousa meu centro, torna-se difícil saber onde ou quando eu fui “excêntrico”. Que eu seja um filólogo, por exemplo, significa que estou fora do meu centro ( o que por sorte não quer dizer que eu seja um filólogo fraco ). Da mesma forma, eu agora considero que ter sido um wagneriano foi uma excetridade. Foi uma experiência altamente perigosa; agora que estou ciente isso não me arruina. Sei também o significado que isso teve para mim - foi o mais severo teste de caráter que passei.
[...] Ninguém passou perto de ter a coragem e a inteligência para me revelar aos meus estimados alemães. Meus problemas são novos, meu horizonte psicológico assustadoramente largo, minha linguagem forte e clara. Talvez não haja nenhum livro escrito em alemão que seja tão rico de idéias e tão independente quantos os meus. [...]

Carta 7
Nice, final de dezembro de 1887 - Rascunho de carta a Elisabeth Förster-Nietzsche
Neste meio tempo eu vi a prova, preto no branco, de que o Förster ainda não cortou suas ligações com o movimento anti-semita. Desde então tenho dificuldade em manter o carinho e proteção que sempre nutri em relação a você. [...] A nossa separação é aqui decidida da maneira mais absurda. Você não compreendeu nada da razão pela qual estou no mundo? Isto foi tão longe que agora preciso me defender da cabeça aos pés das pessoas que me confundem com essa canalha anti-semita; depois que minha própria irmã, minha ex-irmã, e depois que Widemann deu impulso para essa confusão, a mais medonha de todas. Depois que li o nome de Zaratustra na correspondência desses anti-semitas, minha contenção chegou ao fim. Estou agora na posição de urgente defesa contra o partido do seu esposo. Estas malditas deformações anti-semitas não devem manchar meu ideal!

Carta 8
Natal de 1887, carta a Elisabeth Förster-Nietzsche
[...] Você cometeu uma das maiores estupidezes - para si mesma e para mim! Sua associação com um líder anti-semita expressa um desconhecimento de todo o modo de vida que me preenche agora e sempre com ira e melancolia[...] É uma questão de honra para mim ser absolutamente isentado de toda associação com o anti-semitismo, isto é, me contrapondo a ele, como tenho feito nos meus escritos. Eu recentemente fui perseguido com cartas e prospectos anti-semitas. Minha repulsa em relação a este partido (que gostaria muito bem de se beneficiar de meu nome!) é tão declarada quanto possível, mas a relação com Förster, como o efeito colateral de meu antigo editor, este Schmeitzner anti-semita, sempre traz de volta aos sectários deste desagradável partido a idéia de que eu pertenço a eles, afinal. [...] Isto estimula uma desconfiança contra o meu caráter, como se publicamente eu condenasse algo que privadamente endosasse. Como não posso fazer nada em relação a isso, e o nome de Zaratustra tem sido muito usado na correspondência dos anti-semitas, quase fiquei doente várias vezes. [...]

Escola Sofista Pós-Cagalhona?

22 de mar. de 2009

Resposta aberta

Cara enviadora de e-mails cheios de perguntas!

Tem tanto questionamento na sua mensagem que fica complicado responder sem recorrer ao texto de quando em quando pra lembrar da próxima pergunta...

Vamos lá:

O lema não-escrito do blog é: "É proibido proibir". Portanto, não há restrição de conteúdo. Seja, no blog, o que estiveres sendo no momento em que escreve (eu, por exemplo, senti vontade de escrever no momento em que achava que teria uma overdose neste fim de semana, mas tive medo de sair da cama e acelerar mais ainda meu coração: permaneci deitado tentando respirar calmamente);

Não há restrição de tamanho de arquivos "upados". Podes mandar o quanto de vídeo e música achares por bem mandar;

Jamais me ofenderás pelo que enviares ao blog, mas o fará tão somente pelo que não mandares por receio de me ofenderes (percebeste a impregnação de segundas pessoas tentando dar dignidade ao lixo verborrágico deste que vos escreve?);

O blog não precisa ser um diário, apenas. Pode ser o que quisermos que ele seja. E penso que a cara dele deve ser desenhada inconscientemente, ou seja, sem que definamos previamente, ele deve ser um organismo vivo de "télos ápeiron" heheheheh;

Acho ótima a idéia da tirinha. Mas não consigo imaginar como, tecnicamente, ela poderia ser colocada no blog de forma a se transformar numa seção. Acho que não dá. Hacker do Lado B, veja isso para nós, por favor...

Quanto à letra P, pesquise a música "Brasil com P" do rapper brasiliense chamado Ghog (ou Gog, sei lá);

O blog quer passar todas as emoções e nenhuma ao mesmo tempo ("Um livro para todos e para ninguém", este é o subtítulo do "Assim falou Zaratustra"). Para ser franco, não vejo o blog passando emoções, mas suscitando sensações pontuais (como a overdose...) e explicitando idéias que surgem do nada, mas que são potencialmente geniais - essas idéias afloram em todos do Lado B, tenho certeza;

Leia em alemão, em esperanto, em tupi-guarani ou na PQP. Ficará ótimo de qualquer forma;

Não peça desculpas por teres ficado bêbada. O primeiro papelão do Lado B foi inaugurado por mim, na maconhesca noite com Safo... Agora foste tu... Ainda temos dois membros devendo cagada homérica;

Quanto ao movimento do Beethoven, sou favorável. Seja ele o movimento que for.

Beijos a todos.

Ass.: Alguém do Lado B.

19 de mar. de 2009

Cadê essa TV?

É uma pena estarmos calando a arte, lenta e educadamente. Essa expressão poética da realidade, exagerada, crua, polêmica, e acima de tudo complexa, um universo em si, já não ecoa em nossas vidas, o que proclama enfim a dita "arte", mais especificamente a cênica, nestes tempos de máquina, é o resultado, um único e possível, adeus até à dicotomia! Calar a arte, é fechar um caminho, já que em épocas de eclipse e escuridão essa tem sido a única forma de expressão que consegue revelar aquilo que se pretende dissimular.

TV Pirata 1988-1990

ME AME! ME ADORE! ME INVADA!

E você meu caro cabeça de balão? Já fez sua propaganda pessoal diária? Não?! Mas que absurdo! Vai lá então ainda há tempo de entrar no site de relacionamento da internet com a maior concentração de imbecis esclarecidos ou enrustidos, que compartilham sua imbecilidade através de comunidades, perfis e álbuns que tem uma única finalidade: marketing pessoal.
Obviamente a prerrogativa é outra, encontrar velhos amigos e manter contato com familiares distantes, como aquele primo que você conversou uma ou duas vezes no aniversário da sua avó lá em Araçoiabinha da Serra, e que inclusive você só esteve presente porque foi subornado pela sua mãe.
Mas cá entre nós, você participa dessa defecação em massa por outros motivos, e entre eles mostrar para seus amigos que você foi a uma festa suuuuper conceitual, com gente bonita ($$$$$$), que tem um papo legal (carro, apartamento e a última publicação da veja metendo o pau no presidente), e é claro pra mostrar também seu cabelo novo,sua roupa nova(que por acaso você pagou em quantas vezes fosse possível pagar sem juros ) e sua cara bonita.
E eu fico aqui pensando...Não seria mais fácil escrever logo de cara no perfil: ME AME! ME ACEITE! ME INVADA! Isso mesmo, invada minha privacidade, minha vida, tire suas próprias conclusões desde o conjunto de instrumentos do qual me utilizo para mostrar para o mundo quem eu não sou, mas quem eu gostaria de ser.
É claro que para toda regra há exceções, mas raríssimas exceções. Em sua grande maioria, os indivíduos que compartilham da defecação, defecam juntos em prol de si mesmos, e o que é pior, eu também defeco lá!

O Clodovil morreu

-O Clodovil morreu!

-E daí? Foda-se!

-Credo, como você é insensível.

-Que importa se um babaca da TV morre, cara? Na verdade pensei em montar um grupo de extermínio pra matar artistas da TV, numa rede sem conexão. Só pela repercussão, angariaria adeptos para a causa.

-Não acredito nisso!

-Você acredita em quê então, porra?

-Ah, tipo assim. Sei lá...

-Que merda você pensa, porra? Se compadece da morte desse idiota e não sabe por que?

-Você pensa demais, e isso te faz mal.

-Vai te foder, cara, disse ele, puxando o revólver, antes de disparar seis tiros no peito do auxiliar de escritório que sofreu com a morte do Clodovil.

Um Bukowski que é a cara da minha tia...

Então queres ser escritor? (Charles Bukowski)

se não sai de ti a explodir
apesar de tudo,
não o faças.

a menos que saia sem perguntar do teu
coração da tua cabeça da tua boca
das tuas entranhas,
não o faças.

se tens que estar horas sentado
a olhar para uma tela de computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando as palavras,
não o faças.

se o fazes por dinheiro ou
fama,
não o faças.

se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
não o faças.

se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.

se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.

se tentas escrever como outros escreveram,
não o faças.

se tens que esperar para que saia de ti
a gritar,
então espera pacientemente.

se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.

se tens que o ler primeiro à tua mulher
ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás preparado.

não sejas como muitos escritores,
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas chato nem aborrecido e
pedante, não te consumas com auto-
-devoção.

as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.

não sejas mais um.

não o faças.

a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.

a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
não o faças.

quando chegar mesmo a altura,
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.

não há outra alternativa.

e nunca houve.

Borro Ganz

''Caro mestre: passei dois anos entre eles e cheguei a algumas conclusões. Os brancos desprezam os menos brancos, mas gastam horas na praia com bronzeadores para ficarem mais escuros. Eles têm leis mas pagam fortunas a advogados para quebrarem essas mesmas leis. Um homem que mata outro é condenado à morte, mas se matar muitos no campo de batalha é considerado um herói, ganha medalhas e lhe proporcionam uma vida muito confortável, ocasião em que enlouquece pensando nos que matou. Acreditam que seu Deus nasceu de uma virgem e o comem simbolicamente em estranhos rituais numa língua morta. Em outras religiões cortam um pedaço do aparelho reprodutor do bebê logo que ele nasce.

A mulher que trai o marido é desprezada, mas o homem que tem muitas amantes é admirado. Os homens adoram tirar a virgindade das mulheres, mas se algum homem tirar a virgindade da filha deles, são capazes de matar. Os homens usam um pedaço de pano no pescoço que, aparentemente, não serve para nada. As mulheres equilibram-se sobre tacos, furam as orelhas, besuntam os lábios e sangram uma vez por mês. Ambos aspiram rolinhos de papel cheios de fumaça, mesmo sabendo que isso os conduzirá à morte.

Quando um pobre rouba um pão é chamado de ladrão. Quando um rico rouba dinheiro que poderia acabar com a fome no mundo é chamado de esperto. Dizem que a vida após a morte é tão boa que a chamam de céu mas ninguém quer ir para lá. O último papa, João Paulo II, que tanta propaganda fez do céu, lutou até a morte para evitá-la e assim adiar sua ida ao lugar maravilhoso. Os que se suicidam, porém, não podem ir para o céu.

Só comem animais com cornos como vacas e cabritos, mas evitam animais sem cornos como burros e cavalos. Consideram normal um velho casar-se com uma jovem, mas ridicularizam a velha que se casa com um jovem. Acreditam na honestidade de políticos que gastam dez vezes na campanha o que receberão por quatro anos de salário. Chamam a Câmara e o Senado de Casa do Povo mas só colocam lá dentro representantes da elite. Toleram o álcool e o tabaco mas proíbem outras drogas que, por serem proibidas, são as mais usadas.

Recompensam com carros, jóias e belos vestidos as suas mulheres que não fazem nada e dão um salário que mal dá para viver para as mulheres que trabalham diariamente para eles. Consideram a prostituição uma praga social, mas vêem com naturalidade os clientes das prostitutas. Dizem que o homem é a obra-prima da natureza, mas tratam seus gatos e cachorros bem melhor do que seus empregados. Declaram guerra a outros países que em nada os ameaçam - o último foi o Iraque - mas mandam apenas os mais jovens, que jamais pensaram em declarar guerra a ninguém, para morrer nos campos de batalha.

Consideram o ouro o metal mais precioso do seu mundo quando é exatamente aquele que não tem a menor utilidade. Gostam de ver mulheres nuas, mas as obrigam a andar vestidas. Fazem de tudo para conquistar a mulher do próximo mas quando é o próximo que conquista a deles transformam-se em assassinos. Educam os pobres para a violência e quando eles se tornam violentos, querem matá-los. Induzem homens e mulheres a comprar o que não podem através de uma máquina chamada televisão e quando eles compram e não pagam, afastam-nos da convivência social.

Seres inferiores, medíocres e patéticos como esses não merecem a menor atenção. Se lhes dermos algum tempo acabarão por destruir o próprio planeta. Espero que o senhor concorde que minha missão entre esses idiotas acabou e compreenda que estou ansioso para executar nova tarefa num planeta mais avançado. Seu, Borro Ganz'

Fausto Wolff