27 de jun. de 2009

Divagando (não deixem o blog morrer! Divaguemos!)

Na maioria das vezes em que digo para um religioso: – Eu sou ateu. Ele me responde: - Mas como você existe? De onde você veio? De onde tudo veio?

Mas nós, filósofos, como ensina Slavoj Zizek, não devemos ser apressados em responder as perguntas. Algumas perguntas contaminam nossas respostas… Talvez o mais interessante seja determo-nos diante do questionamento. Talvez seja mais frutífero filosoficamente analisarmos as verdades, as assertivas, as afirmações invisíveis por detrás das perguntas.

Vejamos:

Para o religioso, ao que parece, o que espanta é o fato das coisas existirem (“De onde as coisas vem?”, eles indagam). A existência é o problema por excelência. O problema da existência, para eles, deve ser resolvido... E eles resolvem com Deus.

Vamos olhar mais fundo: Se a existência é um problema, o não-problema, seria a não-existência. O aceitável seria o nada, mas como as coisas existem, instaura-se o problema, e o problema é resolvido com Deus. (Há um filósofo que dizia: – O místico é que o mundo exista…)

Se levarmos o raciocínio um pouco mais longe, podemos inferir que Deus é filho do nada; Ele nasce para compensar o desequilíbrio instaurado pela existência das coisas, do mundo. Ora! A doença do religioso reside precisamente aí: seu olhar vê erro, desequilíbrio no existir. Seu ideal é o nada. O equilíbrio seria não existir nada, mas, como existem as coisas, o religioso tenta “corrigir” a realidade criando um Deus que cria do nada (A morada primordial de Deus é o nada, poder-se-ia dizer).

É por isso que nós, não os filósofos (quantos doentes não há entre os filósofos?), mas os ateus, devemos, como dizia Nietzsche, transvalorar esse erro: O desequilíbrio é que é o nada, é a não-existência. O erro reside em Deus. A doença é o niilismo religioso.

Nossa saúde, nosso acerto, nossa coragem... é sabermos amar o que há, o que existe... seja ele de que forma for, seja ele bom ou mau… Mas desde que exista…

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