28 de mar. de 2009

Mente à deriva numa madrugada qualquer.

04h14 da matina, bideprimido, trêbado, tetrapêgado, pentapaixonado... e tomado pelo espírito do romantismo alemão...


Nada pra fazer, exceto ficar acordado esperando as 6h00 para ir tomar uma ducha, um copo de leite gelado, comprar uns chiclés e ir vegetar na facul diante do castrado assanhadinho.

Bem. Não sei o que escrever. Mas sei que quero falar. Não sei o que.

A cerveja está quente. Acho que vou pôr gelo. Ponho pó ou não na breja? Vocês têm certeza que mata?

Vocês estão percebendo a superficialidade e confusão no meu raciocínio? Estou pensando como um mentecapto desneuroniado.

Será a cerveja quente que tá fodendo com a minha razão?

Bem... Bom... Vejamos... O que falar?

Às vezes tenho espasmos violentos, vocês sabiam?

Gosto de brigar na rua, vocês sabiam?

Eu sou um cara mau quando minha linda esposa e meu maravilhoso filhinho estão longe (considero-os âncoras anti-manicomiais ou imãs de benevolência - eles atraem meu lado cristão, aquele cultivado em mim pelos meus pais e avós, e que eu não faço nenhum esforço para extirpar de mim, pois essa mentalidade cristã possibilita meu acesso ao mundo, à grana, às bocetas e às sumamente necessárias companhias - sem os adaptados eu não imagino-me são, na boa - preciso da legitimação do outro).

Tô dando neste exato momento mais um teko (p/ Hermana), ou mais um tiro (para Medéia e Sancho).

Daqui para baixo é extremamente mal que escrevo:

Opa! Ainda careta! O Hacker acabou de entrar no MSN (é um ídolo - 04h36).

Ficou cagando no maiô num barzino. Vai tomar multa no lado B.

Contra minha própria vontade, estou preparando um fininho pra guardar uma rappa para agüentar a aula do Manú heheheh. O foda é que teremos um exercício hoje. Terei que socializar-me linguisticamente... Vai ser osso....

Mas falta eu não tomo mais... Não posso.

Não acreditem: fiz a trilha, esqueci e cheirei involuntariamente pelo cotovelo. Tá osso...

20 minutos depois, lembrei que estava escrevendo (estou desorientado). Estou assistindo ao filme “Meu nome não é Johnny”, pois tem bastante gente cheirando pó e, vendo isso, fico menos culposo (a culpa é um artefato explosivo criado pela cristandade para frear os impulsos expansivistas, libertários e libertinos... Mas comigo a culpa só se relaciona depois que eu cago; antes, trato-a como a mulher trata a dor do parto: embora fodida, sempre a esquece...).

Me bateu uma vontade de traçar o perfil psicológico de vocês, ou, pelo menos, tentar... Ainda tenho uma hora...

Vamos lá:

Sancho: Carente de proteção e amor. Criança sobre a qual a vida jogou responsabilidades demais. Criança que tenta, ao máximo, ao máximo mesmo, para não desapontar ninguém e não perder a proteção e amor (já mencionados), dar conta da responsa desumana que a vida e as circunstâncias lhe impõem. Dá aos outros o que quer para si - e espera receber de volta pelo fato de ter dado - frustrando-se enormemente quando não ganha o que deu e o que quer. Busca, incessantemente, um sentido para a vida: vai ao fundo de tudo o que faz - tudo o que faz se afigura como saída da falta de sentido (poderia escrever mais, mas deixa prum papo (danado de bom, diga-se) ao vivo.

Medéia: Extremamente desatenta para o mundo externo, pois tem que direcionar sua atenção para a represa que criou (e tinha que ter criado mesmo) para segurar o tsunami de pulsão de vida (e morte) que existe dentro de si. Tem coisas demais pra falar ao mundo, mas não domina a linguagem apropriada (nessa medida tem medo do Nietzsche, pois tem medo de ir e não saber voltar pra linguagem usual). Artista nata. Visceral pro mal e pro bem. De temperamento inconstante e imprevisível. Força simpatia quando seu interior está se revolvendo de vontade de explodir, de se expandir e preencher o espaço circundante (esteja nele quem estiver); Busca, mas em menor medida, um sentido para a vida, pois parece já ter achado, mas não consegue adaptá-lo ao mundo que aí está.

Hermana: Logo de cara: (primeiro as idiossincrasias) Espartana, nietzschiana, quase materialista, quase anti-romântica e quase irracionalista (prega uma selvageria difícil de vislumbrar nas atitudes - exceto quando transcende..., ocasião em que a labareda de Satanás lambe seu dual e confundidor semblante). Possuidora de uma racionalidade (subutilizada na filosofia) e de uma memória amedrontadoras (captadoras de contradição e fraqueza argumentativa - já me vi vítima do risinho...). Sabe como ninguém modular a voz de forma a convencer o mais cabeça dura dos quadrúpedes a fazer o que ela quer... Tem claro o alvo ao qual quer chegar e é um tanto quanto maquiavélica no caminho (os fins justificam os meios). É egoísta, embora não seja egocêntrica. É competitiva, mas quer ganhar para si, não se importa se terceiros perceberam que perderam (o forte é mais forte sozinho). Fica muito mal quando se vê injustiçada, quer expor e fazer jus aos seus direitos, custe o que custar. Se vê acima da plebe (olha o Nietzsche!!!) – embora admire-a.

[Acabei de dar a última narigada – ainda tenho quinze minutos – acho que vou pegar mais um pra ficar feliz e um pouco mais acordado na aula do viúvo castrado e danadinho – falei aí pra cima o quanto eu sou mau – leiam um conto (pequenino) do Dostoievski, chamado “Memórias do Subsolo” ou, em outras traduções, “Notas do Subterrâneo”. Trata-se de uma narrativa de um camelo (parece até que Nietzsche roubou o desenho psicológico desse cara – como rouba o eterno retorno do livro “Os Irmãos Karamazov – e como rouba Stirner na apologia anti-rebanhesca – e como rouba – e bate – em Hegel no que diz respeito a visão, digamos, progressiva e direcionada da História) depois de um parênteses grande, sempre esqueço para onde queria ir - relevem: peguinho, bêbado e com o ID em polvorosa].

Bom, Hermana: é um prazer ficar pensando em ti para lembrar de suas características, mas tu és a pessoa mais moita (discreta – voltada pra si) que eu conheço – já te falei que é meu instinto filosófico quem gosta de ti... depois que eu te desvendar, volto a ser apenas seu fã e entusiasta filosófico (ainda te verei dando palestra nos meios institucionais, oficiais e padronizados – onde a coisa deve se dar, onde o povo vê – falando sobre o anarquismo individualista de Stirner (sua cara), e sobre a, digamos, pegada Punk, sobre o desvio capilar, micro-revolucionário, etc. Já falei demais de ti.

Hacker: Esfinge. De sabedoria pepitácia... de ouro, só a expõe em ocasiões especiais, para as pessoas que quer, não se dissipa em qualquer ocasião. Ávido pelo conhecimento – mas não preocupado em demonstrar que sabe – parece querer acumular pólvora conhecitiva para explodir na hora exata. Sátiro dionisíaco – só influencia devotos quando corretamente invocado heheheh. Pensador involuntariamente obstinado. Portador de ímpar coragem e honestidade intelectual (é, minha gente! o filósofo deve ser corajoso e honesto, não deve fazer recuar diante de uma conclusão triste que se descortina no horizonte, nem deve abandonar a sua própria metodologia epistemológica quando se depara com uma dificuldade teórica, para, desonestamente, fazer como Santo (?) Anselmo faz com sua lógica diarréica. O Hacker é também, por detrás da capa racional, calculadora, lógica, russeliana (heheheh) e auto-represadora, um amante arrebatado dos eflúvios, das irradiações e da atmosfera onto-epistemológica da cercania dionisíaca. Mas, como em outras instâncias e circunstâncias, não faz questão nenhuma de ter companhia nesse arrebatamento dionisíaco através do álcool e (morro de inveja, gostaria de ter essa sensibilidade e talento) da música.

Hermano(eu): Não posso me demorar por conta do tempo e por conta da incapacidade (não falta de coragem e honestidade) de me auto-verificar. Não me calo acerca de mim, mas tendo a recuar na auto-análise – e isso psicologicamente, é mais forte que eu. Me idealizo e, quando não correspondo ao que idealizei, tenho meu raciocínio bloqueado pelo Super-Ego de Aço que possuo. Bom. Mas vou falar um pouquito de mim (“falar muito de si é uma excelente forma de se esconder – Nietzsche – heheheh – não quero me esconder, meu povo, pelo menos agora – que estou drogado até a medula...):

Vamos lá: Acho que estou mais assemelhado à Medéia e ao Sancho do que à Hermana e ao Hacker. Por quê? Pelo instinto de me abrir, de falar, pela natureza mais extrovertida e inconseqüente – embora eu, isso particularmente, me veja como alguém que passa a imagem de que será franco e sincero até as últimas conseqüências; e isso já de antemão prepara as pessoas para lidarem com essa verborragia anárquica (Lembra, Sancho, do sofrimento pós-pó? Chegou a levar você a dizer que eu amava o sofrimento, quando na verdade eu estava me esforçando para vivê-lo e ser capaz de aprisioná-lo na linguagem para conhecer-lhe a natureza...). Tenho uma relação conturbada com meu super-ego e com meu id. Hora passo a imagem do brasileirinho do amanhã (como diz minha mãe), ora (sem mais nem menos, sem aviso) me transformo no inconseqüente anarquista que põe coisas importantes e mesmo preciosas em risco. (Isso vocês já devem ter percebido) Sou volúvel (e o oposto) para caralho. Amo e passo a odiar numa velocidade impressionante. Depois volto a amar... Como (mais ou menos) bom nietzchiano, não tenho vocação para pensar e sentir para trás: odeio-te e esqueço meu ódio muito rápido; amo-te e deixo de te amar muito rápido (em alguns meses talvez heheheh). Mêw. Tenho que ir....... Beijos....

Perdoem os inúmeros erros de digitação (estou bêbado, não esqueçam);

Perdoem a confusão raciocinativa;

Perdoem a invasão (muito provavelmente mal feita) às vossas personalidades;

E obrigado por me honrarem com vossa amizade.

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