11 de abr. de 2009

Quando o Martelo se apaixona pela Tabela...

É interessante notar o quanto qualquer influenciazinha se acomoda firmemente em solos inférteis, em solos inaptos à criação, à mistura, à entropia criativa. Primeiro: os conceitos vomitados por qualquer professorzinho universitário ("e" e "ou" – quando nem mesmo se sabe direito o que se pode fazer com isso...); depois: a própria categorizaçãozinha universitária (Idade Média; Contemporâneo; Neo-sei-lá-o-que), quando com um pouco de ouvido para si próprio entender-se-á o muito bem dito pelo Foucault "toda a história é contemporânea, pois toda ela é feita por homens" (queridenha, categorizar a história nesses compartimentos simplificadores é fazer da história o que a lógica faz com o mundo: retalhos).

Seu primeiro parágrafo é obscuro para mim... Talvez um pouco MENOS de lógica faça de seus textos algo mais compreensível... Mas vou tentar interpretar o hieróglifo. Escreveste: "Ou é ou não é, porra!". Porra digo eu... Minha crítica se funda justamente nesse "é ou não é". Ora, a realidade se reduz a um "é ou não é" ou manifesta-se em gradações? O "é ou não é", a meu ver, fundamenta: brancos x pretos; católicos x protestantes; israelenses x palestinos; heretos x homos (heheheh), etc, etc, etc... (Prevendo uma réplica sua, leitor: "Ah, mas você opõe os lógicos e os filósofos". Sim, oponho, não há como não opor, os lógicos fermentaram a cisão sistêmica da realidade. Não há outra forma de combate sem ser através da opção por um lado da trincheira. E eu, ao contrário daqueles que pensam que pairam no mundo das idéias... Tenho coragem de assumir posição. Não fico à cata de migalhas teóricas que façam da minha vida algo mais leve, mais confortável, mais fofo...).

Jamais ouviste de mim que a lógica não tem serventia nenhuma. [Uma pausa: Não consigo pensar, dialogar com fantasmas como parece que é o seu caso. Meus mísseis tem alvo...]. É óbvio que existem instâncias, repito INSTÂNCIAS da realidade que podem perfeitamente se adaptar às quiromancias supersticiosas da lógica. Que instâncias são essas? As instâncias da matéria, das ciências naturais e coisas que o valham. Mas jamais, repito JAMAIS me venha com esse "é ou não é, porra" pra cima da nossa linguagem, pra cima de nossos sentimentos, pra cima de nossa capacidade de transitar gradualmente e não aos engasgos de sim e não, preto e branco, V ou F...

Veja agora o quanto pode ser perniciosa a mentalidade lógico-universitária. Disseste, com outras palavras: Sou um moderno, tão moderno, que cabe a mim enaltecer Nietzsche, fazer uma revolução anárquica e usar o Orkut... (Acho que aqui sua lógica te abandonou, querida... Não vou nem tratar disso... Desculpe...).

[Outra pausa: A lógica, a fé, o comunismo e outras coisas mais são tão gracinhas, não é? PURA SUPERSTIÇÃO. Superstição de achar que o devir semi-caótico da realidade adequar-se-á a esses congelamentos ingênuos. Isso tanto é verdade que a bílis de nossa amiguenha fez picadinho da lógiquinha dela e a levou a escrever a estultice sem pé nem cabeça que menciono acima].

Não posso mudar nada? Talvez seja verdade. Mas vou viver tentando mudar algo, repito mudar ALGO. Não vou me restringir a mudar o V pelo F na tabela da fantasia.

P.S. Prevendo o motor intelectual lógico agindo no interior de sua cabecinha, ou seja, antevendo que tenderás a criar dois quadrados na tabela verdade, um para minhas idéias e outro para as suas, saliento que o que estão atuando dialeticamente aqui são somente essas idéias. Não me ponha e nem se ponha nos quadradinhos. Deixe lá somente as idéias, OK?

P.S. 2. Com lógica ou sem lógica, esse seu ímpeto agressivo para se defender é bastante niezschiano, diga-se. Um lógico não diria "porra", nem chamaria o interlocutor de "cagalhão" heheheh.

P.S. 3. Continuo te amando [Ponha "V" para essa proposição...]

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