23 de abr. de 2009

Que arma?

Sem a elegância própria do outro Lado B, esse B que é quase todo vísceras anuncia: o buraco é mais embaixo. É deveras simplista imaginar tanto que dominação do homem sobre a mulher tenha se dado, em seu nascedouro, pela força bruta, quanto pela opção feminina, ou pela preguiça intelectual feminina. Imaginar o homem como aquele vai, que movimenta é muito acertado quando limitamos o mundo aos seus, digamos assim, clubinhos, desde sempre fechados. - Vamos falar de algumas intervenções femininas nos clubinhos durante o rosário. Lembrem-se da Contra-História. - Fechados na maioria das vezes por conta da incapacidade de seus membros “raciocinarem” ante o encantamento do feminino, pelo menos foi essa a desculpa que deram a Beatriz Galindo, "La Latina", a primeira mulher a lecionar em Salamanca, quando lhe pediram literalmente para cobrir a face. Quanto às entranhas da terra...meu caro Lado B espero que estejas falando de mineração. A natureza e a mulher são velhas amigas, a primeira sempre foi o refúgio e a perdição da segunda, basta lembrar do culto a Baco, que teve direito até a decreto imperial romano de proibição e martírio às seguidoras nos idos de Otávio Augusto, se não me engano. Nem precisa dizer que esse culto (a Dioniso, então) já era meio mal visto por aqueles que tomavam as decisões litígio-religiosas, que participavam do coletivo e iam à ágora, que eram os agora filósofos na Grécia dos séculos V e IV antes do homem, na época do surgimento das Tragédias. Nem precisa dizer que esses eram cultos essencialmente telúricos, além de orgiásticos. A natureza e a mulher reconhecidamente representam e muito melhor representaram no passado, é claro, fecundidade, geração, além de mistério. Esse poder capaz de gerar um deus foi legitimador do poder de Faraó dado à Hatshepsut, e depois invocado por Nefertiti para governar junto à Amenófis IV, também como Faraó. Ironia ou não, mas a representação foi ficando mais pálida e fria conforme o mistério foi sendo revelado. Mulheres foram queimadas, enforcadas e afogadas pela Inquisição e pela perseguição Puritana, que não lembro o nome, porque não quiseram largar suas ervas. Outros foram condenados porque não quiseram largar essas mulheres, ou porque discordavam ou diferiam, ou porque sim. Quanto à atuação exclusiva da maioria das mulheres ao ambiente privado, creio sim, e por favor trata-se de uma suposição intuitiva, que foi escolha de uma sociedade, toda ela, mesmo que inconsciente e que começa a mudar, aos barrancos e sem sangue. Conhecemos mulheres que foram determinantes quando no poder, ou admitidas no clube, até cruéis, como Wu Chao que assassinou o próprio filho recém-nascido para incriminar a então imperatriz e tomar seu lugar. É, são delas os jogos privados, Isabel de Castela recusou o marido que lhe foi oferecido, matou envenenado o irmão regente, escolheu o próximo marido contra a Igreja, pois era seu primo, expulsou os mouros definitivamente da Península Ibérica, instaurou a Inquisição, formou o primeiro Estado e financiou a expedição às Américas. Elisabeth nutriu a Inglaterra quando foi chamada ao poder escapando até do atentado a sua vida, orquestrado por seu amante, resolveu tornar-se a Rainha Virgem. A própria Wu Chao em 690 foi declarada Imperador, não Imperatriz, mas Sagrado Descendente Divino “Imperador” da China. Capricho de mulher, tá na cara. Necessito agora falar da linguagem sem invocar nenhum Santo ou Filósofo, porque tristemente esse Lado B não possui a devida propriedade, mas peço licença e sigo... Não há mistério, mas linguagens e expressões diversas. Equívocos são fatais, portanto. É natural não saber ler aquilo que não é polarizado pela sua linguagem mais natal. A mulher também pode não entender o homem, mas foi desde sempre declarada mistério e não me parece que a maioria delas anseie por silêncio, ela quer sim ser descoberta, não significando ordenadamente, essa é a questão. Engraçado que também penso sinceramente que poetas, músicos e escritores, artistas parecem ter contribuído significativamente para a perpetuação do mistério que na verdade eles pareciam melhor conhecer. Esse Lado B anda apaixonado por Vinícius e seu conhecimento parece-me estupendo! Finalizando o assunto que dá muito pano pra manga...Lou Andreas-Salomé sabia que um filósofo pode ser feroz em demasia, mortal, o poeta nunca, não há dentes, sangue e despedaçamentos, a morte do artista é latência e música até o fim. A mulher é provavelmente melhor em ser amor e ódio desde sempre, pois os homens é que estão no palco e desde sempre aprenderam a domar seus próprios instintos, desesperadamente e a posicioná-los estrategicamente dentro de suas vidas. Nos becos e alcovas. Esse Lado B é mulher, pode até ter perdido o encanto para alguns mas, odiou desde sempre, meu caro e querido Nietzsche creio, subestimou algumas mulheres.

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