10 de abr. de 2009

Por que não sou lógico.

Depois de alguns sagrados minutos tentando dar um jeito na poha da cara do blog, decidi masturbar-me intelectualmente. A ejaculação intelectual não é necessariamente sempre boa quanto a ejaculação tradicional, mas eventualmente dá algum prazer. Como a vida é imprevisível, ajamos sob a égide do risco de nos darmos bem... na sorte.

Bom. A pergunta que não quer calar é a seguinte: existe alguma relação de necessidade entre o apreço pela lógica e a inaptidão covarde para com a Vida?


 

[...]


 

É óbvio que isto é uma brincadeira de mau gosto e que não é este o alvo de minhas digressões... Deixemos as toscas brincadeiras de lado e analisemos idiossincraticamente a nossa (leia-se, minha) visão acerca da lógica.


 

Russell escreveu um livro chamado "Por que não sou cristão". Eu, daqui de baixo, do universo dos aspirantes a filósofos, inicio meu texto informando que estou catando no chão, nos bolsos do velho jeans, no espaço entre o fígado e a alma umas migalhas de humildade para dizer que meu texto não pretende concorrer, digamos, antologicamente (sim, com "a" no início) com o do lógico.


 

Pois bem: Por que não sou lógico? [Logo (usando a lógica), sou contraditório hehehe.]


 

Caros, tenho cá minhas razões para achar que a lógica é, na sua maior parte, uma grandessíssima punheta. É um mundo falso erigido sobre os escombros do mundo verdadeiro. Não é preciso ser muito inteligente para constatar que o mundo real, verdadeiro, único teve sua morte decretada lá na pré-socrática, por um filósofo porra-louca que iniciou a bélica promiscuidade: linguagem-pensamento versus mundo. Trata-se do mentecapto cuja filosofia TODA ergue-se sobre o axioma: "O Ser é; O não-ser não é". O desdobramento disso é conhecido: Um maluqueti logo em seguida afirma que o movimento não existe; outro diz que só a idéia existe, que a matéria é não ser; outro encontra potência nos entes, jogando sua efetiva relação com o sujeito para um futuro potencial; outro, séculos e séculos depois, dirá que "O mundo é tudo o que é o caso"... e o que é o caso é definido por ele e por seu maquinário lógico... óbvio.


 

[Uma frase que me ocorre agora: A lógica está para a Filosofia assim como o vídeo-game está para a adolescência... Pensem sobre isso...]


 

Ansiar pela lógica é ansiar pela verdade; ponto para os lógicos.

Descobrir que a verdade não existe é estabelecer uma verdade; se isso é verdade (sem trocadilhos), os contemporâneos também buscam sua verdade; se isso é verdade (sem trocadilhos), toda a filosofia busca a verdade.

Se os lógicos buscam a verdade, há neles cacoetes filosóficos.


 

Onde está o erro deles, então? Ora, no estabelecimento de um mundo virtual sobre o real para melhor articularem suas matematizações, uma vez que estas não se adaptam muito bem sobre o mundo verdadeiro, do devir, onde o movimento não se submete às categorizações congeladas da lógica.


 

Se a filosofia está intrinsecamente relacionada à busca pela verdade, é uma puta desonestidade para com ela permitir-se ter o intelecto vencido pela vontade, pela vontade anunciada por Nietzsche: pela vontade de verdade. A vontade desmedida (em hybris) deturpa o pensamento e leva grandes mentes (veja-se aqui, amor... heheheh) a aceitarem o virtual no lugar do real; basta olharmos para os cristãos; para o tamanho das tosquices que os mesmos permitem entrar na cabeça (muitas das quais muito bem dotadas de intelecto) em função de sua vontade de verdade, de sentido, de conforto...


 

[Sendo grosseiro, agora: Ler a Bíblia está para o cristão assim como fazer a tabela verdade está para o Lógico... Pensem sobre isso...]


 

Estou imune à vontade de verdade?


 

Infelizmente, não... Mas tenho consciência da ação dela.


 

Pensem nisso!

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